Artigo - I.A. e o ambiente de trabalho: a solução ChatGPT e sua evolução

Luiz Maia


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Em nosso último texto “A inteligência artificial e o ambiente de trabalho: reflexões e especulações”*, fizemos alusão a uma escolha hipotética de dois amigos pelo restaurante onde se encontrariam; terminamos por sugerir que a oferta de serviços por inteligências artificiais resultarão da combinação de três recursos-capacidades: o acesso a uma base de informações e conhecimentos, um mecanismo de triagem, configuração e reconfiguração das informações para fins específicos, e um meio de interação com as pessoas - que, em última instância, são os demandantes do serviço.

Sob essa perspectiva, reinterpretemos o ChatGPT: a base de informações dessa ferramenta de uso universal, embora finita (claro), tende a ser de magnitude extraordinariamente maior do que a de qualquer equipe de trabalho, com décadas de experiência. Por outro lado, existe um sem-número de conhecimentos tácitos, desenvolvidos no cotidiano daquelas equipes que acabam não sendo “codificados” e, portanto, permanecem inacessíveis às IA’s – por enquanto. Sobre o segundo recurso-capacidade, o processamento de massas fenomenais de informação para fins específicos, por mais veloz que já seja, ele tende a esbarrar ainda por um bom tempo no limite imposto pela natureza dos conhecimentos que tornamos acessíveis às máquinas. Finalmente, quanto ao mecanismo de interação, bom... aí trata-se – até o momento – de uma interface que nasceu anacrônica; afinal, estamos lidando com um chatbot, um robô de bate-papo. Não há tom de voz ou outras nuances de expressão; ele não reage à sua imagem ou expressões corporais... enfim, sequer pretende simular a riqueza de trocas típicas do contato humano.

Todas as três capacidades tendem a registrar mudanças aceleradas, e essa etapa de chatbot deve ser vista como os primórdios de uma nova era, que impressiona e ao mesmo tempo assusta em sua aceleração e transformação. O cofundador da Microsoft, Bill Gates, acredita que o ChatGPT é tão importante quanto a invenção da internet – segundo o jornal de negócios alemão Handelsblatt. “Até agora, a inteligência artificial podia ler e escrever, mas não conseguia entender o conteúdo. Os novos programas como o ChatGPT vão tornar muitos trabalhos de escritório mais eficientes. Isso vai mudar o nosso mundo”, disse o bilionário.

E por que essa tecnologia está fazendo tanto alarde e sucesso? De certa forma, ela democratizou o uso da Inteligência Artificial para um público global. “Ele permite que qualquer usuário o teste. Somado a isso, diferentemente de outras IAs, o ChatGPT tem essa capacidade generativa: produz conteúdo à medida que você interage com ele”, diz Frank Meylan, sócio líder de tecnologia da KPMG.

Em todo caso, torna-se inevitável nos depararmos cada vez mais com perguntas inquietantes a respeito dessa tecnologia que se expande e se acelera; principalmente no meio profissional, não se pode afirmar com certeza se ela será vilã, se tomará nossos empregos, ou, por outro lado, se favorecerá nossa evolução no tangente à transformação digital. O que se sabe é que a Inteligência Artificial veio para ficar; o seu crescimento dificilmente será contido e precisamos – diante do que está acontecendo ao nosso redor – nos aproximar cada vez mais da tecnologia e entender o seu funcionamento. “Quem vai roubar seu emprego não necessariamente é a tecnologia em si, mas o profissional que sabe usá-la. Então, não adianta ignorar que a inteligência artificial está chegando”, afirma Rebeca Toyama, especialista em estratégia de carreira.

Muito ainda se falará da carta aberta, assinada por mais de 1.300 especialistas, pedindo que as empresas que desenvolvem esse tipo de programa “pausem imediatamente por pelo menos seis meses, o treinamento de sistemas de IA mais poderosos que o GPT-4” – a versão mais avançada do ChatGPT. A carta pergunta: “Devemos criar mentes humanas que possam eventualmente nos superar, ser mais inteligentes, nos tornar obsoletos e nos substituir?”  Fato é que já existe uma data sinalizada para o lançamento da próxima versão do ChatGPT(5), em Dezembro de 2023. Especula-se que a IA se tornará uma Inteligência artificial geral, capaz de codificar novos conhecimentos, de entender conceitos e conceber ou propor tarefas novas, para si mesma. Seria, portanto, uma capacidade de raciocinar de forma semelhante ao ser humano, mas provavelmente sem algumas importantes restrições que o desenvolvimento natural e social de nossa mente achou “prudente” nos impor, ao longo de milênios. Claro: conversar com o ChatGPT após a atualização do GPT-5 pode se assemelhar ainda mais a um diálogo entre pessoas. Mas que tipo de pessoas?

 

 

 

Luiz Maia Luiz Maia-Filho ( @cenaristasbr , @luizmaiafilho )

Professor de Economia e Finanças da UFRPE

Coordenador do Mestrado Profissional em Saúde Única

Membro-Fundador do Cenaristas.com.br

 

Tibério César Sousa (@tiberiocesar @competencecoaching )

Mentor Empresarial e Mentor Comercial

Coach Executivo de Liderança

Conselheiro Consultivo de Governança Corporativa


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