Impactos do aumento da Taxa SELIC na economia

Cezar de Andrade


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Por Cézar Augusto Lins de Andrade

 

No último dia 22 de setembro, o Comitê de Política Monetária – Copom, do Banco Central se reuniu e decidiu elevar a taxa de juros SELIC de 5,25% para 6,25%. A decisão foi tomada em decorrência da pressão causada pela inflação que ultrapassou os 9% no acumulado dos últimos 12 meses, maior nível desde o segundo semestre de 2016.

O principal objetivo do Banco Central com o aumento da taxa é conter a inflação, mas essa decisão tem recebido severas críticas de entidades do comércio e da indústria que afirmam que a alta da taxa Selic contribui para retrair o consumo e ameaçar a recuperação do emprego e da produção. Abaixo segue alguns impactos que esse aumento poderá causar na economia:

  • Valorização do Câmbio (do real em relação a moedas estrangeiras): com o real mais valorizado, há a possibilidade de redução do custo de produção que utilizam insumos importados. Por outro lado, pode reduzir a competitividade dos produtos brasileiros exportados;
  • A alta da SELIC deixa o país mais atrativo para aplicações financeiras, pois aumenta a renumeração, estimulando a entrada de recursos na economia e atenuando as pressões de valorização do dólar, no entanto, deve-se levar em consideração que outros países também têm perspectivas de elevar suas taxas básicas de juros, então, talvez a economia brasileira não seja capaz de atrair esse capital e os efeitos positivos sejam minimizados;
  • No longo prazo, o aumento da taxa pode inibir o investimento produtivo: A taxa mais alta também impede que pessoas que gostariam de investir no lado produtivo o façam, porque elas vão pagar um custo maior de pegar um empréstimo desse capital;
  • A elevação da taxa de juros deve influenciar negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos, impactando assim, o emprego e a renda;
  • Provavelmente, por conter um pouco o avanço do consumo no curto prazo, deve-se haver um impacto negativo de gerar condições que não são tão favoráveis à elevação do investimento no médio e no longo prazo;
  • O aumento da taxa SELIC gera elevação de despesas com juros da dívida pública.

O fato é que a elevação da taxa básica de juros aumenta o risco de uma nova recessão, num cenário em que nem a produção industrial, nem o emprego se recuperaram dos níveis anteriores à pandemia de covid-19, e, com o crédito mais caro, reduz os investimentos no setor produtivo, além de diminuir o espaço de consumo das famílias, considerando que o comprometimento da renda familiar cresceu quase 10 pontos percentuais entre 2020 e 2021, segundo dados da pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) impactando assim também o varejo.

Além desse aumento, a previsão é que na próxima reunião do Copom, haja uma nova elevação da taxa em 1 ponto percentual como processo de normalização monetária.

 

 


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